Um Edifício com História

A construção do edifício hoje ocupado pela CVL remonta ao início do século passado, quando uma jovem recém-casada sentia saudades dos pais e do seu quintalinho, embora tivesse ido viver para cerca de 7 km apenas. Contudo, nessa época, era bem mais complicado vencer distâncias, com a agravante do acesso ser um pouco íngreme. De facto, como não haveria de sentir falta de um pedacinho de paraíso – a Tapada de Fiscal – onde frescos córregos permanentes mantêm ainda as hortas verdejantes e as árvores são habitadas por chilreios doces de rouxinóis nas noites quentes, de melros na Primavera, de pintassilgos e verdelhões todo o Verão? Logo ao lado, o manto verde e protector da encosta da serra da Lousã, a velar tutelarmente pelos casais brancos e sossegados, no meio de leiras férteis e colheitas generosas? Mas então, nem o amor do seu apaixonado marido foi suficiente para debelar completamente essa nostalgia que a habitava…

Foi então que os sogros, de coração sábio e compreensivo, decidiram vender a sua própria casa numa povoação chamada de Rogela, onde vivia também o jovem casal, para entregar o dinheiro ao filho, com o único propósito de construir uma casinha bem perto dos pais da sua nora, a quem tanto amavam como uma verdadeira filha! E enquanto esses pais extraordinários passaram a residir numa habitação bem mais modesta, no lugar da Sarnadinha nascia sóbria, vistosa e arejada, altaneira, simples, mas muito bela, uma casa de rés-do-chão e primeiro andar, com um grande pé direito, fortes paredes de pedra, janelas e portas rasgadas em cantaria e uma escada em lousa, de acesso ao primeiro andar e de onde se acedia igualmente a um pátio resguardado por altos muros de pedra xistosa roliça. Esta construção revelava-se soberba na época, fazendo lembrar o estilo pombalino e desafiando os tempos. Dali se espreitava bem perto, o tão desejado ninho paterno da sua proprietária, onde estavam as suas raízes telúricas e o quintalinho amorosamente cuidado, de apoio à cozinha todo o ano!

Esta casa era o encanto dessa proprietária feliz que se lhe referia como um presente dos seus “santos sogros”, numa grata e sentida veneração. Na parte do rés-do-chão, hoje ocupada pelos consultórios e sala de espera, fizeram-se reuniões para convívio dos vizinhos, serões que eram animados por maviosas tocatas e até às vezes bailes, pois o dono era uma pessoa muito extrovertida e nessa época, dos anos 30 ao início dos anos 50, tal costume era estratégia interessante e até necessária para animar as longas noites de Inverno e promover o convívio são nas regiões mais afastadas dos grandes centros. Porém, a marcha do tempo é inexorável, as gerações vão-se sucedendo e o prédio foi alvo de duas acções de partilha. A pouco e pouco, perdeu também a solidez do início, acabando por ficar desabitado durante quase duas décadas, pelo facto dos seus proprietários terem emigrado para os Estados Unidos. Cada Inverno o punha mais frágil, ameaçando ruir. Contudo, resistia teimosamente, como se soubesse o futuro que o esperava, pleno de amor, realização e dignificação desse passado tão cheio de valores éticos.

Até que um dia… esses proprietários emigrantes resolveram vendê-lo e uma neta dos primeiros donos realizou a compra. Tinha sido ali criada pelos seus extremosos avós, conhecia de cor cada canto, cada história ali passada, no quarto de cima, na sala, no corredor, na loja… Assistira a muitos serviços de barbearia e até a pequenos tratamentos médicos, uma vez que o seu avô era barbeiro e na altura eram responsáveis por alguns actos médicos, particularmente em locais de acesso difícil, quando os próprios médicos o enviavam em seu legítimo lugar… Estava ligada afectivamente àquelas paredes e não podia deixar que tal tesouro saísse da família.
Estava-se no início do ano de 1998 e a sua filha única acabava o curso de Medicina Veterinária, pelo que imediatamente começou a ganhar forma o projecto da recuperação do edifício para uma clínica. Quem sabe se um dia a filha não gostaria de tentar ficar ali? De qualquer modo, seria sempre uma habitação belíssima adaptável a outros fins…

E foi assim que toda a recuperação foi norteada por essa primeira ideia, a da clínica, tendo-se ampliado as instalações para um quintalinho contíguo, onde poucos meses antes do início das obras se arrancou por si mesma, uma velhíssima roseira de botões perfumados que havia sido plantada pelo primeiro proprietário, bisavô da actual médica veterinária que ali… (aqui)… exerce dedicadamente a sua profissão. Uma haste dessa roseira continuou a brindar a família com os seus botõezinhos únicos, de humilde pé curto, mas perfume inebriante e um cor-de-rosa de ternura assumida. É nessa parte ampliada que se encontram a sala de radiologia, a farmácia, o laboratório, os internamentos e a garagem, servindo também de armazém. As restantes divisões, como a sala de esterilização, de preparação cirúrgica instrumental e do paciente, de cirurgia e as de ecografia e de electrocardiografia, ocupam o que foi um dia o habitáculo da casa. Foram adicionadas mansardas para aproveitamento do sótão, onde funcionam a biblioteca e instalações de apoio ao médico veterinário de serviço. De resto, foi respeitada a traça inicial em todos os pormenores: paredes, pé direito, cantarias, telhado de beirado de capela e até um azulejo colocado no final da época de 50 (Outubro 1956), quando a imagem de Nª Sª de Fátima peregrinou por Portugal, passando ao lado destas paredes também, se mantém intacto, testemunhando a fé desses donos felizes que deram forma ao seu sonho por volta do primeiro quartel do século passado.

A Clínica Veterinária da Lousã foi inaugurada a 1 de Dezembro de 2001 com uma recepção às pessoas que desejassem conhecer as instalações, tendo imediatamente uma afluência que ultrapassou quaisquer expectativas que a proprietária pudesse um dia ter sonhado, demonstrando o carinho colectivo já existente pelo projecto.

Afinal, foi também uma fé alicerçada em amor que fez com que este edifício continuasse a manter-se na família, pelo que o presente homenageia o passado, rendendo-lhe o tributo sentido do respeito e da dignificação de todos os momentos que tornaram possível esta existência actual! Não podemos deixar de recordar aqui Álvaro de Campos, pois como ele, afirmamos convictos e orgulhosos que “o presente é o passado e o futuro”.

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